Ainda ao início desta tarde, mantinha como inconcebível a ideia de poder vir a amar outra criança como amo a R. Como?! Como posso eu replicar semelhante paixão?!
Até que me deu o vento. Um vendaval. Um tornado, à escala da nossa benigna geografia. Estacionei o carro na rua e saí para a tirar pelo outro lado. A tormenta era tal, que percebi logo que teria de carregar a miúda ao colo. Atravessei a tiracolo toda a carga de alças generosas e segurei numa mão a lancheira de asa curta e a capa com as impressões da ecografia e respectivo relatório médico. Não, assim, não ia lá. Precisava de libertar as duas mãos para poder içá-la ao colo. Pousei então o material ecográfico no tejadilho, com o peso da lancheira em cima, convencida de que, naquele instante, a minha prudência avaliava muito bem a força do vento. Dois segundos, foram dois segundos, e saltou a lancheira, desmantelou-se a pasta de cartão, voou o imaculado relatório, seguido das impressões ecográficas, arrancadas ao agrafo que as prendia. A coisa foi de uma tal brutalidade, que foi como se, de repente, tivessem apagado a luz. Perdi o rasto ao que voou. Não queria acreditar. Tudo perdido... Não! Não! Lá vai ela! A folha! Fechei a miúda no carro, corri, corri, corri, corri, corri, com quanta força tive e agarrei a desgraçada! Olhei para trás e vi a R. de boca escancarada, para lá do vidro, ao estilo do melhor cinema mudo, desfalcado de instrumental. Voltei a correr, abri-lhe a porta, assentei-a na anca, escondi-lhe a cara entre o ombro e o pescoço, e toca de correr atrás da série de imagens a preto e branco (o fime, lá está!) que avistei entretanto. Agarrei-as! Perderam-se duas que não voltei a ver...
Só depois pensei que, provavelmente, podia ter pedido segundas vias de tudo aquilo e a gincana nem sequer se justificaria... Mas que diabo! Naquela papelada estavam as notícias frescas da minha mais recente paixão! 19,9 mm na mão. 96 cm à anca. Segui feliz. E vão dois sorrisos daqueles num dia só.
Até que me deu o vento. Um vendaval. Um tornado, à escala da nossa benigna geografia. Estacionei o carro na rua e saí para a tirar pelo outro lado. A tormenta era tal, que percebi logo que teria de carregar a miúda ao colo. Atravessei a tiracolo toda a carga de alças generosas e segurei numa mão a lancheira de asa curta e a capa com as impressões da ecografia e respectivo relatório médico. Não, assim, não ia lá. Precisava de libertar as duas mãos para poder içá-la ao colo. Pousei então o material ecográfico no tejadilho, com o peso da lancheira em cima, convencida de que, naquele instante, a minha prudência avaliava muito bem a força do vento. Dois segundos, foram dois segundos, e saltou a lancheira, desmantelou-se a pasta de cartão, voou o imaculado relatório, seguido das impressões ecográficas, arrancadas ao agrafo que as prendia. A coisa foi de uma tal brutalidade, que foi como se, de repente, tivessem apagado a luz. Perdi o rasto ao que voou. Não queria acreditar. Tudo perdido... Não! Não! Lá vai ela! A folha! Fechei a miúda no carro, corri, corri, corri, corri, corri, com quanta força tive e agarrei a desgraçada! Olhei para trás e vi a R. de boca escancarada, para lá do vidro, ao estilo do melhor cinema mudo, desfalcado de instrumental. Voltei a correr, abri-lhe a porta, assentei-a na anca, escondi-lhe a cara entre o ombro e o pescoço, e toca de correr atrás da série de imagens a preto e branco (o fime, lá está!) que avistei entretanto. Agarrei-as! Perderam-se duas que não voltei a ver...
Só depois pensei que, provavelmente, podia ter pedido segundas vias de tudo aquilo e a gincana nem sequer se justificaria... Mas que diabo! Naquela papelada estavam as notícias frescas da minha mais recente paixão! 19,9 mm na mão. 96 cm à anca. Segui feliz. E vão dois sorrisos daqueles num dia só.
7 comentários:
Oh pá, fartei-me de rir com o teu filme mudo... :)
Pois é, os filhos segundos, e terceiros e quartos, usando uma expressão da moda, primeiro estranham-se, mas depois entranham-se, assim de surpresa, como um vendaval.
Estou aqui á dois minutos para conseguir escrever... as lágrimas ardem nos meus olhos... também eu ainda me pergunto se vou amar o filho que trago dentro de mim como a minha filha… mas também tenho a certeza que o dia vai chegar e dar me a certeza que esse amor já existe em mim...
Felicidades.
Hehehehehe!!!
Subscrevo a mãe, completamente.
A história está demais!
Já pensaste que esta terá sido a primeira grande aventura do bébé???
Tu nasceste para escrever mulher!!
ahahah
rapariga, não vai haver dúvidas nenhumas assim que o vires cá fora... vai por mim.
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