A minha ginecologista é linda e trata-me por "fofinha". E eu sei que esta observação será muito mal interpretada. Olha que chatice...
Entendo com dificuldade que algumas mulheres escolham um homem para seu ginecologista. Afinal de contas, eles não podem entender o constrangimento - físico e psicológico - causado por um exame ginecológico. E isto porque só duas condições permitem entender semelhante incómodo: a similitude sexual ou o amor. Esclarecendo: só uma mulher como nós ou o homem a quem nos entregamos numa compatibilidade sexual absoluta podem entender que uma vagina não é um mero canal ou viaduto, que a nudez física nos despe a alma, que um corpo exposto a um estranho é um corpo violado.
De forma que o meu ginecologista, não sendo uma mulher, só poderia ser o meu homem, que, não tendo vulva, vagina, útero nem ovários, sabe exactamente da sensibilidade de cada um destes recantos. Ora, dado que o expert da minha intimidade ganha a vida entre bytes, drivers e redes, não tive alternativa - escolhi uma ela.
A consulta correu como previsto, ou não fosse esta uma segunda viagem: ácido fólico assim que esteja a contar engravidar, análises, citologia e ecografia. Desta vez juntámos aos exames da praxe uma mamografia. Discutimos as vantagens e inconveninentes de uma amniocentese (Ah, pois! Que a aspirante a grávida é cota a caminho dos 35!). Conversámos sobre a gravidez anterior, como correu bem, sem problemas - matámos saudades. Tudo isto num clima de tal proximidade como só podia acontecer entre mulheres. Despedimo-nos:
Entendo com dificuldade que algumas mulheres escolham um homem para seu ginecologista. Afinal de contas, eles não podem entender o constrangimento - físico e psicológico - causado por um exame ginecológico. E isto porque só duas condições permitem entender semelhante incómodo: a similitude sexual ou o amor. Esclarecendo: só uma mulher como nós ou o homem a quem nos entregamos numa compatibilidade sexual absoluta podem entender que uma vagina não é um mero canal ou viaduto, que a nudez física nos despe a alma, que um corpo exposto a um estranho é um corpo violado.
De forma que o meu ginecologista, não sendo uma mulher, só poderia ser o meu homem, que, não tendo vulva, vagina, útero nem ovários, sabe exactamente da sensibilidade de cada um destes recantos. Ora, dado que o expert da minha intimidade ganha a vida entre bytes, drivers e redes, não tive alternativa - escolhi uma ela.
A consulta correu como previsto, ou não fosse esta uma segunda viagem: ácido fólico assim que esteja a contar engravidar, análises, citologia e ecografia. Desta vez juntámos aos exames da praxe uma mamografia. Discutimos as vantagens e inconveninentes de uma amniocentese (Ah, pois! Que a aspirante a grávida é cota a caminho dos 35!). Conversámos sobre a gravidez anterior, como correu bem, sem problemas - matámos saudades. Tudo isto num clima de tal proximidade como só podia acontecer entre mulheres. Despedimo-nos:
- Felicidades, "fofinha"!
- Até Abril, Doutora.
3 comentários:
a mim incomoda essa proximidade feminia. o "já passei por isso e sei que não é assim tão mau" que pode conduzir a uma frieza.
e é como em tudo: há golpes de sorte. No meu (sempre tive homens) sempre me senti respeitada. Até porque ali na marquesa não quero ter mais que um canal ou viaduto e saber do seu estado geral.
Por acaso ambém tenho um ginecologista homem, e adoro! Adoro ver a admiração no olhar por cada filha que trouxe ao mundo, o carinho com que me faz festinhas e vai dizendo "já está quase!", gosto que tenha tempo para me ouvir e não se ria quando lhe falo de celulite ou estrias. Sempre achei maravilhosa esta comunhão com o meu médico. Mas se calhar é porque fui praticamente criada por homens e a minha intimidade passa por aí, pelos desabafos com gajosque me respeitam, me admiram porque consigo "parir". Mas percebo o que dizes mas acho mesmo que tem a ver com o tipo de educação que tivemos. Para mim, ginecologista é homem, que me mima, me admira e me diz"todas as mulheres são verdadeiras obras de arte".
Pois olha... eu compreendo-te. Também marquei a consulta pré-natal para uma "ela", porque a minha "ela" de sempre já não faz partos... E fiquei embasbacada quando ao negar a primeira vaga, que era para um "ele", o meu marido olhou para mim com um ar enjoado como quem diz "who cares?". Disse-me que médico é médico e eu disse "mas o pipi é meu!". Ponto final!
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